TREINAMENTO

TREINO PARA MODALIDADE CARABINA MIRA ABERTA DE AR


Este artigo é  sobre a experiência de quem começa no tiro na modalidade Carabina Mira Aberta de Ar, mais conhecida como papel 10 mts.

A teoria dos 4 estágios do aprendizado é um retrato de como o ser humano encara uma nova atividade e se desenvolve nela. São eles:

Estágio 1, "ignorância inconsciente" (este tópico). Mais ou menos assim, "não faço a menor idéia do que não sei". É feliz não sabe...

Estágio 2, “ignorância consciente”. Epa, já sei que nada sei!

Estágio 3, “conhecimento consciente”. É quando você consegue desempenhar bem algo, atento e ciente dos detalhes necessários.

Estágio 4, “conhecimento inconsciente”. É quando o desempenho é natural, sem exigir atenção especial, com fluência.




1- IGNORÂNCIA INCONSCIENTE



Recentemente voltei a me dedicar ao tiro com armas de pressão e pela primeira vez tomei contato com as modalidades de competição, graças à imensa quantidade de literatura, notícias e fóruns na Internet. Interesse estimulado, pensei "essa coisa de papel 10m parece muito interessante".


Por ser sócio de um clube de tiro, ficou fácil escolher a modalidade. No clube, perto de casa, tem um espaço adequado para tiro a 10m, com 5 pistas, transportadores de alvos e iluminação. Claro, vem o pensamento simples, óbvio e errado "agora só falta a arma".



Mal eu sabia o quanto desconhecia...



Ainda não aprendi um vigésimo do que preciso, mas apanhei tanto e fiz tanta trapalhada que pensei "dá para escrever um história disso".



Vocês conhecem a teoria dos 4 estágios do aprendizado? Parece mais uma baboseira de auto-ajuda empresarial, mas é um retrato bom de como o ser humano encara uma nova atividade e se desenvolve nela. Bem, o primeiro estágio é conhecido como "Ignorância inconsciente". Mais ou menos assim, "não faço a menor idéia do que não sei". É feliz não sabe...



Minha experiência treinando para papel começou exatamente assim. Completamente ignorante do que desconhecia, o que me deu uma imensa tranquilidade. Tiro a 10m? Moleza. Para quem já (acha que) sabe os conceitos, segurar a arma com firmeza, prender a respiração, linha de visada, é bico!



Bem, chego no stand de tiro. Arma alugada, uma CBC B-12 do clube, lata de chumbo Rifle, alvo de papel CBTE.



10m parece meio longe... vou colocar o alvo no meio do caminho. Por que esse transportador de alvos tem cabos tão moles? O alvo não pára de chacoalhar. Que coisa idiota! Ok, deixa ele ficar parado. Agora dá para atirar. Para quem já mexeu com carabinas de mola há tantos anos, coisa fácil. Dobra o cano, chumbo na culatra, arma, aponta, posição caçador.



Como é que essa mira está calibrada? Há, é fibra ótica. Ouvi falar que é preciso alinhar os 2 pontos verdes com o ponto vermelho da maça de mira. Aí coloco este bem sobre o centro do alvo. Tá, mas o alvo não pára de se mexer. Tudo bem, eu também não consigo deixar a ponta do cano parada. Então mexe tudo junto.



Dedo no gatilho, coronha firme apoiada no ombro, pressão lenta, gradual até o acionamento vir de surpresa. Depois de 3 quilos de força no gatilho, a surpresa vem com um tranco para a esquerda (sou canhoto). Acerto o arame que prende o lado esquerdo do alvo.



Caramba... Vamos novamente. Agora sim! Acerto dentro do círculo preto. Também, quem teve a idéia de colocar um círculo preto no meio do alvo? Não dá para ver o centro, como vou mirar? Podiam fazer um alvo todo branco. Idéia idiota.



Agora começo a me acostumar com o sistema de mira. Fácil, fecho bem o olho direito, fico "medindo" a distância entre os pontos de fibra ótica para o vermelho ficar bem no meio. Será que está no meio do círculo? E agora, não consigo focalizar o círculo. Quer dizer, consigo, mas quando faço isso não consigo focalizar a maça de mira. E muito menos a alça de mira.



10 tiros depois, vários no círculo preto, no 7, até no 8. Agora dá para tentar os 10 metros. Xi, rapaz, é meio longe. Por quê dizem que 10 metros é pouco? Nem dá para ver o círculo direito. Que dirá as linhas do 8, 9 e 10. Será que preciso de óculos? Bem, é claro que preciso de óculos.



20 tiros depois, o alvo parece uma peneira, metade dos tiros fora do centro preto (pensando bem, muito mais que a metade). Fico pensando no que comentam sobre chumbos e agrupamento. Será que é o chumbo? Mas nem dea para enxergar direito essa bolinha. Talvez precise mesmo do óculos.



Mas uma coisa eu já sabia: para se acostumar com uma arma precisa de alguns tiros. Depois de uns 80 tiros, começo a acertar um pouco mais. Até consegui colocar 7 tiros seguidos no círculo preto!



200 tiros depois, lata de chumbo quase no fim. Esse até que é um exercício bom. Meu bíceps vai ficar grande. Quem sabe se eu treinar alternando o lado exercito igual os dois braços?



Talvez esse negócio de papel a 10m não seja para mim. Com certeza preciso de óculos e achar um alvo todo branco, pois com esse círculo preto não vou enxergar nunca!




2- IGNORÂNCIA CONSCIENTE



Depois de tanto apanhar, comecei a aprender o que não sabia. E como isso ajuda! Como citei no post anterior, na teoria dos 4 estágios do aprendizado o primeiro estágio é conhecido como "Ignorância inconsciente" ou "não faço a menor idéia do que não sei".

Bem, passemos então ao segundo estágio, "já sei muito do que não sei". É o único jeito de aprender, mas tem hora que assusta de tanta coisa que se nota incapaz.

Primeiro, descobri que a modalidade é organizada, tem suas regras definidas pela CBTE.

http://www.cbte.org....rta_ar_2014.doc

Além disso, descobri que o regulamento foi criado a partir de elementos de outras provas, as modalidade de carabina de ar e pistola de ar ISSF.

http://www.cbte.org....nto_pistola.pdf
http://www.cbte.org....to_carabina.pdf

O regulamento para a Carabina de Ar Mira Aberta foi criado como uma simplificação desses dois. Limita-se à prova às carabinas mais simples, de cano dobrável. Proíbem-se os mecanismos sofisticados de mira e acessórios, bem como traje de tiro. Usa-se o alvo de pistola de ar, que tem tamanho condizente com o potencial dessas armas.

Finalmente, o estande de tiro para essa prova tem as mesmas características. Alvos a 10m e a 140 cm de altura. A distância e altura são padronizadas, então a postura do atirador é a mesma em qualquer local de prova.

O alvo... usa um círculo para visada e ninguém espera que o atirador seja capaz de enxergar a "mosca" ou a marca do 10 no meio desse círculo. A idéia é usar visada de base e aí o cículo é uma referência grande o suficiente. Por sinal, não se atira focando nele, mas sim na maça de mira.

Mesmo sem óculos e com olhos meio usados, a maça de mira a pouco mais de meio metro de distância não é um problema na visada. Mas como manter o foco, empunhando a arma. Bem, por isso o sistema de miras preferido nesse esporte são as miras metálicas sem fibra ótica.

Essas miras em geram são mais grossas, para ficarem bem visíveis. Em pistolas de ar olímpicas as maças de mira têm 3 a 4,5 mm para garantir a facilidade em manter o foco. Idem a alça de mira, que tem cantos vivos, formando um desenho retangular. Fica fácil acertar a visada notando com clareza a altura relativa de maça e alça, visíveis em foco contra o cículo do alvo ao fundo.

Mas precisa restringir tanto a arma? Cano fixo, calibre 4,5, mira aberta, mola?

Essa é uma modalidade brasileira, pensada para equipamentos de menor custo. Se você pesquisa em blogs e fóruns pelo mundo, quase não se fala desse tipo de arma e das técnicas para esse tipo de tiro, pois quem atira em competições oficiais de carabina no exterior usa as regras ISSF.

Até que o regulamento é bem acessível. A mola é o melhor exemplo disso. O cano dobrável é questão filosófica. Ainda hoje, mas em especial algum tempo atrás, carabinas de cano fixo eram as mais sofisticadas. Veja-se que são as preferidas em modalidades como bench rest e field target, onde a precisão em longas distâncias é fundamental.

A mira aberta é realmente a expressão da simplicidade. Em contraponto aos dióptros com íris regulável das carabinas olímpicas, temos apenas um aparelho de mira com ajuste de altura e lateralidade. Essa regra se inspira no regulamento das pistolas de ar, que usam dispositivo similar.

Herdando ainda a filosofia das pistolas de ar, o regulamento proíbe trajes que facilitem o tiro. Mais simples ainda, elimina a possibilidade de uso de contrapesos, compensadores, regulagens de empunhadura e outros.

E o calibre? Hoje 4,5 não é o mais popular...

Em termos. Herdou-se o arranjo de outras modalidades oficiais. Além disso, a regra de pontuação, considerando-se a pontuação do maior círculo tangenciado na passagem do chumbo, mesmo que do lado externo, privilegiaria calibres maiores. Ficou então a uniformidade adotando-se o padrão mais comum em competições de tiro de ar no mundo.

Bem, agora tem muito bla bla blá, mas cadê o tiro?

Esse é o nome, ignorância consciente. Sabendo um tanto da modalidade fica possível começar a se desenvolver.

Ajustar a arma, aprender a empunhadura que dá mais estabilidade, habituar-se à visada que favorece a constância de resultados e principalmente, passar a ter condição de aprender com quem tem experiência. Como as provas são organizadas nacionalmente, em todo o país encontramos atiradores que têm muita bagagem sobre a modalidade.


3- CONHECIMENTO CONSCIENTE 


Aqui enumeramos uma parte dos muitos cuidados necessários para um bom desempenho nessa prova. Espero que os atiradores no fórum comentem esses pontos, corrigindo ou complementando o que julgarem falho ou controverso.


1.    Visada
1.1.    O olho humano só consegue focar uma distância específica a cada instante. Com isso, é preciso escolher se o foco é no alvo, na alça ou na maça de mira.

1.2.    A técnica mais recomendada pelos técnicos de tiro é o uso da visada "sub-6", na qual o conjunto maça-alça é alinhado verticalmente entre o círculo do 4 e do 6 no alvo. A idéia é deixar uma faixa clara entre a maça de mira e o círculo preto de referência, tornando claramente visível e fácil de identificar a altura correta na figura de visada.

1.3.    Focando o alvo perde-se a visão precisa do sistema de miras. Você perde a sensibilidade para detectar erros de visada, como o desalinhamento entre alça e maça.


1.4.    O foco correto é na maça de mira, deixando a alça e o alvo ligeiramente embaçados. O importante é ter visão precisa da maça no momento do disparo.


1.5.    O mais importante na visada é que a figura “alça – maça” fique corretamente alinhada. Se não estão perfeitamente alinhados com o alvo não é problema, mas precisam estar alinhados, sem desnível na vertical ou desalinhamento horizontal.




Todo atirador se mexe e isso faz com que a arma tenha um arco de movimento. Se a figura “alça-maça” está correta, a visada está perfeita dentro das limitações do arco de movimento do atirador. Quem se move dentro do círculo do 10 (11,5 mm) terá um resultado melhor que quem se move no círculo do “9” (27,5 mm). De qualquer forma, a visada correta garante o melhor grupo possível.

1.6.    O olho só consegue uma visão clara e nítida na mira por alguns segundos. O ideal é não superar 8 segundos em visada, tempo após o qual a visão se turva e não é possível uma figura de mira clara.

1.7.    Desistir ao invés de insistir. Se você não atinge a visada correta após algum tempo, melhor parar e recomeçar a preparação e a postura. Forçar o corpo para alinhar miras e alvo é certeza de um tiro ruim.

1.8.    A técnica que leva ao melhor resultado é manter ambos os olhos abertos. Fechar um olho exige um esforço muscular e de focalização que torna o ato pouco natural e produz fadiga acentuada, o que começa a prejudicar o atirador ao longo da prova.

Na Carabina de Ar Mira Aberta, não se pode utilizar acessórios, como um óculos de tiro. Este auxilia bastante com o emprego de um anteparo bloqueando a visão do olho que não é o olho diretor. Assim o olho fica aberto, mas não se esforça na focalização da maça de mira. Como a modalidade não admite isso, o ideal é se habitual com a visada de ambos olhos abertos e focalizados na maça.

1.9.    A distância entre a linha do conjunto “alça-maça” e o círculo deve ser tal que permita sua identificação de forma automática e regular pelo atirador.

Se na visada a maça toca o círculo, pode-se ter imprecisão com ela eventualmente invadindo o círculo – uma distância difícil de quantificar pois há a diferença de foco e falta contraste para o olho determinar a regularidade na distância.


Se a distância é muito pequena o olho tem dificuldade em discernir e pode-se ter variação de um tiro para outro.


2.    Miras

2.1.    A maça de mira deve ser larga para favorecer o foco. Se for pequena exige demais do atirador, causando fadiga. Pistolas olímpicas (que utilizam o mesmo alvo da Carabina de Ar Mira Aberta) geralmente têm maças de mira com largura em torno de 4 mm.

2.2.    O sistema de mira aberta e o alvo ISSF de pistola (usado para provas de Carabina de Ar Mira Aberta) foram pensados para uma visada onde a maça se posiciona abaixo do círculo preto, que é a referência visual do atirador.

Pode-se usar mira de centro, mas isso gera imprecisão no alinhamento vertical.

Sistemas de fibra ótica produzem uma figura de visada imprecisa e a maça é de difícil focalização. Não são impedimento, mas geram uma desvantagem para o atirador.

2.3.    Uma prática recomendada é igualar as distâncias maça-círculo e maça-alça. Distâncias razoavelmente grandes facilitam o controle quando o cérebro tem mais estímulos visuais de que a figura de mira ideal foi encontrada.


Se sua alça de mira possibilita o ajuste, busque o que melhor se adequa às condições de visada. As carabinas Weihrauch, Walther, Diana e Gamo (nas versões sem mira óptica) oferecem opções de alça com larguras variáveis. As CZ Slavia, Cometa, Norica, CBC e boa parte das outras carabinas do mercado não oferecem esse mecanismo, mas pode-se modificar a alça de mira para obter esse resultado.

2.4.    O ajuste vertical da mira precisa ser refinado continuamente durante a prova. À medida que o corpo se acomoda na posição e se reage ao cansaço, o ponto de impacto começa a ter variação vertical.

No treinamento de atiradores olímpicos chega-se a sugerir clicar a cada tiro, movendo o ponto de impacto sempre na direção do centro. Na Carabina de Ar Mira Aberta o ajuste não é tão fino, mas a idéia é a mesma: cheque o impacto e ajuste a mira.


3.    Disparo
3.1.    O acionamento do gatilho precisa ser progressivo, sem tranco e inconsciente. O disparo deve acontecer de surpresa.

3.2.    O gatilho deve ser acionado com um movimento na direção da linha de tiro, no exato sentido oposto ao do disparo. Para isso, cuide do movimento do dedo ser retilíneo. Para facilitar, toque o meio da 1ª falange (que é o ponto mais sensível do dedo, o ponto central da impressão digital) exatamente no centro da tecla quando vista de cima.



3.3.    Se o dedo do gatilho força a arma em alguma direção, os tiros desviam naturalmente. Armas de gatilho pesado com atiradores inexperientes geralmente produzem desvios para o lado da mão do gatilho. Além da pressão no dedo, a força no cabo também desloca o ponto de impacto. O gráfico abaixo traz diferentes interpretações da alterações em pontos de impacto, seja pela mão do gatilho ou pela mão de apoio.



3.4.    Quando o mecanismo é acionado o ciclo de disparo ainda não terminou. O projétil se desloca pelo cano e ao mesmo tempo a arma sofre a ação do deslocamento do pistão e da mola. É preciso aguardar para que o ciclo se complete.

3.5.    A pausa para conclusão do ciclo de disparo é conhecida como acompanhamento, ou “follow-through”. O acompanhamento é fundamental e serve também como guia para o atirador.
Durante o acompanhamento deve-se manter a postura de tiro, visada e tensão muscular inalterados, garantindo a mínima interferência no disparo.

Ao final do acompanhamento a figura de visada deve ser a mesma do início do disparo, i.e., a arma oscila porém volta exatamente à mesma posição. Isso marca um acompanhamento bem executado e uma postura sem tensão que afete a arma.


4.    Tensão
4.1.    Quando um músculo tem carga ele suporta porém vibra e oscila. Tente levantar um peso à frente do rosto. É fácil notar como se treme.

4.2.    A postura precisa eliminar a tensão muscular ao máximo. Qualquer postura que dependa de esforço resulta em fadiga (com deterioração da postura ao longo da prova) e tensão muscular.


5.    Base
5.1.    Os quadris devem se alinhar com a linha de visada, sem inclinação seja à esquerda ou à direita. Se o corpo estiver em ângulo com a linha de visada o atirador abre os braços afastando a arma do tórax. Quando isso acontece ela é suportada com esforço muscular e tensão = vibração.

5.2.    Os pés devem ficar espaçados de forma confortável e, idealmente, perpendiculares aos quadris (e à linha de visada).

5.3.    As pernas ficam esticadas com os joelhos travados, mas sem tensão muscular. Inclina-se o tronco para a direção oposta ao alvo, fazendo com que a perna da frente se torne uma coluna de apoio para o braço de apoio e a arma.

5.4.    Não dobre os joelhos. Mantê-los dobrados exige controle muscular e resulta em vibração e desalinhamentos horizontais em sucessivos tiros.

5.5.    A estabilidade horizontal é muito mais difícil que a vertical, pois as pernas estão travadas e espaçadas na direção da linha de tiro, mas nossa base é essencialmente o tamanho dos pés na direção perpendicular à linha de tiro.
Com o cansaço ao longo da prova, é fácil deixar o corpo oscilar para frente e para trás, provocando desalinhamentos horizontais no alvo.
5.6.    Sapatos de solado fino e rígido facilitam o equilíbrio. Solas grossas e macias dificultam a manutenção de uma base estável e exigem tensão nos músculos das pernas.
5.7.    Assuma a base e cheque o resultado nos tiros de treino. Ao conseguir resultado satisfatório mantenha a base até o fim da prova - não tire os pés do lugar.

6.    Postura
6.1.    A base correta, com o quadril na linha de visada, exige rotação do tronco e seu afastamento para trás para que a arma aponte corretamente. Essa rotação deve ser constante, regular, favorecendo que se atinja o ponto de impacto naturalmente.

6.2.    O alinhamento da visada deve acontecer naturalmente quando da empunhadura, sem que o atirador force a posição da arma, seja na vertical ou na horizontar.

Se a arma está alta, aproxime a perna de trás, o ponto de impacto desce naturalmente. O oposto também vale, ao afastar as pernas o ponto de impacto sobe.


Se está para a esquerda ou para a direita, ajuste abrindo ou fechando um pouco o pé de trás, movendo os dedos para trás sem mexer o calcanhar. Se a diferença é muito grande, cheque a base.

7.    Empunhadura
7.1.    A arma tem 4 pontos de apoio: a soleira no ombro, a telha na mão de apoio, o cabo na mão de disparo e a bochecha na coronha. Eles precisam ser constantes em termos de posição e força e cuidam tanto de proporcionar a visada como de manter a arma corretamente alinhada no disparo.


(a figura acima mostra uma atiradora com carabina olímpica, mas na Carabina de Ar Mira Aberta a questão do apoio é a mesma).

7.2.    A soleira no ombro é um apoio importante pois posiciona a arma e controla o movimento durante o disparo. A carabina de mola não tem recuo apreciável por conta do projétil, mas sofre consideravelmente com o movimento do êmbolo e da mola.

A soleira deve ser apoiada sempre no mesmo lugar e com a mesma força. O melhor é que ela tenha a máxima área de contato com o ombro e que este contato seja sempre no mesmo lugar. Se o contato é pequeno, com a maior parte da soleira acima do ombro, é difícil reproduzir a posição e controlar o movimento da arma no disparo.

7.3.    A posição adequada da mão de apoio varia de atirador para atirador e de arma para arma. O mais comum é se utilizar os dedos em “V”, apoio no punho fechado ou a palma da mão. A divisão dos dedos também funciona bem. Algumas figuras ilustrativas.

7.4.    Para atiradores altos, a empunhadura com a palma da mão facilita ao tornar natural um ponto de impacto mais baixo. Atiradores baixos se valem do oposto: ao apoiar a telha no punho fechado o ponto de impacto sobe.

7.5.    A mão de apoio não pode ter tensão muscular. Este braço precisa estar relaxado e apoiado no quadril. Se estiver tenso, o ponto de impacto sobe de maneira imprevisível a cada disparo.

7.6.    Qualquer força aplicada na arma para obter a visada resultará num desvio no momento do disparo. Quando o mecanismo da arma é acionado a reação da arma à força do atirador é potencializada e ela se move, perdendo-se a visada.

7.7.    Tensão = força e forças são regidas por ação e reação. Force a arma para a esquerda e ela ricocheteia com violência para esse lado no disparo e vice versa. A visada correta precisa acontecer com zero esforço muscular na empunhadura.


8.    Cabeça

8.1.    Ao empunhar a arma o ideal é manter a cabeça o mais erguida possível. Se inclinamos a cabeça o ouvido médio tem mais dificuldade em controlar o equilíbrio do corpo e isso favorece oscilações horizontais, com o corpo balançando para a esquerda e direita.

8.2.    O peso da cabeça é grande em proporção ao corpo e ao se movê-la para empunhar a arma, a posição do resto do corpo precisa de ajuste. Cheque sua visada após estabelecer uma posição confortável do corpo e da cabeça.

8.3.    Pode-se inclinar a arma para se manter a cabeça ereta, mas isso exige absoluta constância no movimento e a figura da mira fica sempre inclinada. Pode trazer benefício, mas aplique com moderação.


9.    Respiração
9.1.    A perfeita oxigenação é fundamental para a visada. É preciso respirar bem antes de cada tiro, garantindo o “combustível” para a musculatura e olhos.

9.2.    Não prenda a respiração. Se o pulmão estiver cheio, isso exige tensão muscular. Se estiver vazio, a falta de ar provoca a produção de adrenalina, preparando o organismo para reagir à condição que tenha porventura gerado a apnéia.

Com adrenalina ficamos mais excitados e a musculatura pode ter movimentos involuntários. Parar de respirar para o disparo não é a melhor estratégia.

9.3.    A respiração tem um ciclo a cada tiro.

Primeiro, respiração profunda (sem hiper-ventilar) para garantir a oxigenação.

Em seguida, reduz-se o ritmo e volume, gradualmente à medida que se assume a posição de tiro.
No momento de iniciar a visada, expire com suavidade. O disparo deve acontecer quando se expirou bastante, momento que que a arma estabiliza e não há tensão muscular no tórax ou abdômen.

No disparo, só volte a inspirar após o acompanhamento.





4- CONHECIMENTO INCONSCIENTE 

Quando comemos e levamos o garfo a boca, este ato é quase que inconsciente, você treinou desde pequeno a fazer isso, assim é com o tiro, depois de treinar todos os fundamentos e técnicas exaustivamente, você irá atirar inconscientemente sem fazer esforço para isso, sem pensar na técnica ou no tiro, somente realizará. O tiro inconsciente é o nirvana do atirador, relatos indicam que somente 2% dos atiradores atingem este estágio. Este estágio nada tem haver com talento e ou naturalidade para o tiro, mas sim com treino, dedicação e disciplina. 
Em uma passagem do Livro o Arqueiro Zen, o aluno pergunta ao mestre como é possível acertar a flecha no alvo sem pensar em acertar o alvo, o professor responde: - Quando um arqueiro atira sem alvo nem mira, está na originalidade de sua realização de atirador. Quando atira para ganhar, instala-se em sua realidade um cisão entre atirar e ganhar e já fica nervoso. Quando atira por um prêmio fica cego. Vê mais o prêmio do que o alvo e erra.  Depois de dito isto, pegou o arco, se posicionou, se concentrou e atirou em direção a escuridão, em seguida atirou mais uma vez na mesma direção, mandou ascender as luzes do pátio e o aluno viu duas flechas no centro do alvo. Então o mestre concluiu: - O ato de disparar foi inconsciente, o meu corpo esta treinado para saber a direção do alvo, treinei uma vida toda para acertar o alvo, mas se quisesse ganhar algo o teria errado, então somente pensei no ato de atirar e fazer a técnica correta, acertar o alvo é uma consequência e nunca um propósito. 



O artigo foi retirado do fórum carabina de ar e o autor é  Rogério Saran

http://carabinasdear.com.br/caforum/index.php/topic/12494-o-treino-para-papel-10m-parte-1-ignorancia-inconsciente/




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